Na esquina acendo um cigarro e fico pensando no trabalho que tenho pra hoje, entro no ônibus da empresa, fecho os olhos e aproveito para viajar em meus pensamentos. Desço do ônibus na porta da empresa, acendo outro cigarro, adentro a empresa, apago o cigarro, caminho até minha mesa, sento, coloco as mãos sobre a face e me pergunto.
O que estou fazendo aqui? Quem sou? Sou eu mesmo, ou apenas um número?
As respostas me veem a cabeça e começo a escrever estas linhas como forma de desabafo de alguém que a 30 anos faz parte de um mercado de trabalho e que até hoje não encontrou nenhum motivo para se orgulhar em fazer parte dele.
Um mercado que não se importa com aquilo que você faz e sim se você faz aquilo que mandam fazer.
Um mercado que não se importa com o que você é ou pensa, só se importa com aquilo que eles dizem ser correto e que você é obrigado a concordar como um cachorrinho de automóvel que só sabe balançar a cabeça dizendo “sim, senhor”.
Um mercado que lhe trata como um número, porque número não tem família, não tem vida própria, não tem sonhos, não tem direitos, não tem vontade própria.
Até quando iremos permitir que o mercado nos trate como escravos e não como seres humanos?
Até quando aceitaremos ser tratados desumanamente por esse mercado ganancioso que só enxerga números?
Até quando o dinheiro ira sobrepujar a qualidade de vida?
Chego aos final desta escrita deixando estas indagações no ar para pensar e refletir.
E termino concluindo com uma celebre frase Jean Jacques Rousseau, "Todo poder emana do povo para o povo".
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